A LESÃO DO MANGUITO ROTADOR
O que é o manguito rotador?
Manguito rotador é o nome que se dá ao grupo de tendões que realiza os movimentos do ombro. As principais ações destes tendões são três:
- elevação do braço (supraespinhal)
- rotação externa (infraespinhal)
- rotação interna do braço (subescapular)
Uma lesão destes tendões pode causar dor ou perda de força para efetuar um destes movimentos.
O que causa esta lesão?
As lesões que afetam o manguito rotador podem ser degenerativas (crônicas) ou traumáticas (agudas).
É uma lesão muito frequente a partir dos 40 anos, sendo que sua taxa aumenta progressivamente com a idade.
Quais os principais sintomas?
A intensidade e frequência dos sintomas variam de acordo com a fase da doença.
O principal sintoma é a dor, que tem como característica ser mais intensa de noite, ao estar deitado, ou quando o paciente realiza movimentos com o braço elevado.
A perda de força está presente nas fases mais avançadas, em que já ocorreu uma ruptura do tendão.
Porque aconteceu essa lesão?
A principal causa de lesão dos tendões do manguito rotador é degenerativa (pelo desgaste decorrente da idade), mas podem ocorrer também devido a traumas diretos no ombro, ou até por um fator misto.
A degeneração dos tendões do manguito rotador ocorre devido ao progressivo enfraquecimento do tendão, que ocorre com a idade, somado a um impacto que ocorre entre os ossos desta região.
A Síndrome do impacto do ombro ocorre quando o acrômio (proeminência óssea da escápula) bate no úmero (osso onde estão inseridos os tendões do manguito rotador). O impacto acontece naturalmente em alguns extremos de movimento, principalmente quando elevamos nosso braço acima da cabeça. Os tendões do manguito rotador são então comprimidos entre um osso e outro. Quando nosso tendão encontra-se forte e trófico ele não sofre as consequências deste trauma cíclico, agora, uma vez que ele se enfraqueça (devido ao desuso ou à atrofia natural da idade), o trauma repetitivo gera uma inflamação crônica que chamamos de “Tendinopatia”.
Esta Tendinopatia ocorre quando o processo inflamatório (decorrente do impacto) fica constante, gerando uma dor crônica ao usar o tendão. Por conta desse processo inflamatório crônico, as fibras do tendão se modificam, ficando mais desorganizadas e fracas, perpetuando e piorando o processo. Este processo evolui lentamente (às vezes por anos) e o tendão fica vulnerável a sofrer roturas. Assim que ocorre a rotura das fibras, a dor e a perda de força se acentuam, o que limita muito a qualidade de vida do paciente.
Já quando a causa da lesão for devida a um trauma, a evolução da intensidade dos sintomas é muito mais rápida. Normalmente a perda de força é mais significativa do que a dor e o tratamento deve ser mais urgente.
Exames de imagem
A radiografia do ombro pode evidenciar proeminências ósseas que possam acentuar o impacto e necessitar de correções caso o tratamento cirúrgico esteja indicado.
O exame de ressonância magnética é muito útil em identificar a presença e a extensão de tendinopatias ou presença de rupturas. Com essa informação o médico pode orientar o paciente sobre o melhor tratamento e sua taxa de sucesso. O exame também ajuda a identificar outras causas de dor no ombro que possam ser corrigidas concomitantemente.
Como é o tratamento da lesão do manguito rotador?
Tratamento conservador
O tratamento conservador é indicado em pacientes que apresentam tendinopatia ou rupturas parciais pequenas. Nestes casos o tratamento com as medidas para retirar a dor e inflamação e a fisioterapia tem uma alta taxa de sucesso. A principal função da fisioterapia é o fortalecimento do tendão acometido. Uma vez que o tendão estiver fortalecido, o impacto não causará mais sintomas e o processo de tendinopatia regride até que o tendão fique com força normal.
O tratamento conservador das rupturas completas de um tendão do manguito rotador pode ser bem sucedido em pacientes com poucos sintomas, sedentários ou idosos; porém, considerando que os pacientes estão cada vez mais ativos, o reparo cirúrgico do manguito rotador, seja por via aberta ou artroscópica, assume o papel de destaque.
Tratamento cirúrgico
A cirurgia está indicada nos casos de tendinopatia ou lesões parciais do tendão em que ocorreu falha do tratamento com a fisioterapia feita por pelo menos 6 meses. Nestes casos o tratamento tem objetivo de diminuir o impacto através de uma “raspagem dos ossos”, além de retirar tecidos muito inflamados que estejam causando dor. Após a cirurgia, o fortalecimento do tendão pela fisioterapia é fundamental para o sucesso do tratamento.
No caso de rupturas totais do tendão, a fisioterapia não tem uma taxa de sucesso boa e o tratamento cirúrgico é a melhor opção. O tratamento visa, além de diminuir o impacto ósseo e retirar tecidos inflamados, a reinserção do tendão rompido à sua posição original no osso. No período pós-operatório esta sutura é protegida por um tempo para que ocorra a cicatrização e então é iniciado o fortalecimento do tendão com fisioterapia.
Para que se obtenha o melhor resultado durante a cirurgia, é importante realizar o diagnóstico e tratamento de possíveis lesões associadas que podem estar presentes (como lesões do tendão do bíceps braquial, artrose acrômio clavicular e acrômios com risco de impacto).
Inúmeros estudos já demonstraram que a cirurgia apresenta um bom resultado no tratamento do ombro doloroso e um baixo índice de complicação. Portanto, a cirurgia do ombro, quando bem indicada é uma ótima opção para restaurar uma vida sem dor e limitações.